Depois do primeiro dia de votação da consulta sobre a proposta para cobrir o déficit da Cassi, mais da metade dos colegas da ativa e a grande maioria dos aposentados ainda não se posicionaram.É compreensível haver muita indecisão. Afinal, estamos optando por pagar parte da conta desse déficit da Cassi, quando o ideal para os funcionários seria o banco arcar com tudo. Alias, foi assim que iniciou o debate há dois anos, quando as entidades do funcionalismo defenderam arduamente essa saída ideal.
Mas o fato é que entre o mundo ideal e o real temos um grande abismo.O banco defendia, nesse período e com o mesmo ânimo, que éramos nós, funcionários da ativa e aposentados, que deveríamos arcar com todo o déficit. Os representantes do BB chegaram a propor o aumento da nossa contribuição de 3% para 4,5% e, enquanto não fosse aprovado esse acréscimo, o aumento da coparticipação sobre consultas para 50%, redução de 90 para 50% no subsídio para aquisição de medicamentos de uso contínuo, implantação de franquia de internação de R$ 1.500, entre várias outras medidas de cortes de coberturas e benefícios.
Essa proposta do banco foi recusada pelos eleitos, assim como por todas entidades representativas do funcionalismo, mas entramos em uma queda de braço que chegou a um impasse.Logo depois, o banco surgiu com uma nova proposta, acabando com a contribuição da empresa aos aposentados, com a criação de um fundo que seria administrado pela Cassi, em troca de assumir parte do déficit. Seria o abandono dos aposentados, o que era inadmissível, e a proposta também foi recusada!
As entidades do funcionalismo reivindicaram naquele momento um verdadeiro processo de negociação, para se construir uma proposta de acordo, enquanto a situação da Cassi se tornava, a cada mês, mais dramática. A unidade das grandes associações e sindicatos conseguiu forçar o início de um processo negocial, muito duro, mas conduzido pelos nossos interlocutores dos funcionários de forma transparente e absolutamente democrática. Ou seja, todos aqueles que realmente estavam buscando uma solução para a Cassi se juntaram para debater e negociar com o BB uma proposta.
O esforço de todas essas entidades conseguiu, depois de intensos debates e impasses, garantir uma proposta com o aporte de R$ 23 milhões mensais a mais pelo banco até 2019 (além dos 4,5%), com a contrapartida de que os funcionários aportassem R$ 17 milhões por mês, com aumento da contribuição de 3 para 4% nesse período. Na proposta, se garante também todas as atuais coberturas do plano e a contratação de uma consultoria para mudar o modelo de custeio da Cassi, fortalecendo as ações preventivas e melhorando a assistência à saúde dos associados.
A proposta que está aí para ser votada é aquela efetivamente conquistada a favor dos funcionários por todos os que se dispuseram a negociar. Não vai, por si só, sem a mudança do modelo predominantemente curativo da Cassi e sem as medidas para otimizar os recursos da instituição, resolver o problema do déficit. Todavia, recusa-la não significará ficar mais próximo do ideal. Pelo contrário, é voltar à estaca zero, com o agravante que a situação da Cassi é muito mais delicada do que há dois anos e tornou-se urgente uma solução.
Por isso, eu voto pelo SIM no acordo da Cassi.