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Uma feliz Páscoa com seu real significado

Páscoa, do hebraico Pessach (passagem), representa para os hebreus a libertação, e ressurreição para os cristãos. O sentido espiritual desta data vai dando lugar ao apelo do consumo desenfreado, este, ladeado por uma sociedade progressivamente hedonista e imediatista, operacional, mecânica, cibernética, esvaziada em conteúdo e capacidade de reflexão.

O relato bíblico da “passagem” se dá no livro “Êxodo”, se alguém se dispuser a conferir. Havia uma estrutura social representada pelos senhores egípcios, cuja figura máxima era o Faraó e, lá embaixo, os escravos hebreus. Estes reivindicavam sua liberdade, sua existência, seu “direito de ir e vir”. Ao Faraó interessava que estes permanecessem submissos e sujeitos à relação de dominação e exploração, combatendo suas crenças e obrigando a idolatrarem as entidades egípcias. Surge a figura de Moisés, eleito por Yaveh como o libertador de seu povo.

"Disse-lhes o rei do Egito: Moisés e Aarão, porque sublevais o povo, afastando-o dos seus afazeres? Ide para os vossos carregamentos"
A ameaça velada evoluiu para a punição. Greve e reivindicação se tornam um “pecado” aos olhos do Faraó e Moisés, uma figura subversiva:

"Naquele dia, o faraó ordenou aos inspectores do povo e aos escribas, dizendo: Não continuareis a fornecer palha ao povo para fabricar os tijolos como ontem e anteontem. Que vão eles mesmos recolher a palha necessária. Mas a quantidade de tijolos que faziam ontem e anteontem, imponde-a sobre eles sem lhes diminuir nada, porque são preguiçosos. É por isso que clamam, dizendo: ‘Vamos oferecer sacrifícios ao nosso Deus’. Que se torne pesada a servidão sobre esses homens, para que se ocupem nela, e não dêem ouvidos a palavras mentirosas". 

Opressão e libertação. Avareza, egoísmo, soberba, discurso dominante, a não aceitação dos direitos do próximo. Parece que a civilização corre em círculos, tal qual a elipse terrestre. Assim como naqueles remotos tempos, temos a ressurreição dos Faraós e suas grandes obras. Sua ideologia e o seu Deus dourado. Sempre haverá um “subversivo”, sempre o trabalhador que clama por um direito (às vezes à dignidade) será tido como preguiçoso. O Faraó sempre desejará que seus escravos idolatrem o seu deus (o mercado) e esqueçam os seus valores que lhes custam caro (ética, dignidade, fraternidade, solidariedade de classe e família). Por isso, os faraós modernos (presidentes, superintendentes, diretores, etc.) lutam por corações e mentes dos escravos lhes impondo sua lógica de construção de suas pirâmides, cujos nomes estarão impressos nas “lápides da história”. Ao escravo, resta ser escravo. Escravo de um senhor, da idéia do senhor, escravo de sua falta de consciência, escravo de seu apelo ao consumo. Matemos a história e vamos às compras como forma de compensar a opressão. Liberdade de consumir… a produtos e a si mesmo.

Chag Sameach (Boas festas!)

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