Agosto é o mês em que se comemora nacionalmente o dia dos bancários. Historicamente, se realizam em todo Brasil atividades alusivas aos bancários, tradição que se reafirma a cada ano. Em 2009, o dia será um marco para as atividades da Campanha Salarial de 2009, lançada neste mês. Todos os bancários brasileiros irão se juntar numa grande campanha política e econômica para que os ganhos reais conquistados nas últimas campanhas salariais tenham continuidade.
A luta nacional traduzida na campanha se desenvolve em todos os sindicatos da base da Contraf-CUT, entidade que organiza mais de 90% dos bancários brasileiros. Nos últimos anos, o conjunto de reivindicações tem trazido ganhos para todos os bancários, mesmo para aqueles que não estão sob a influência do campo político da CUT.
Sabemos que esse ano não será fácil para os bancários, pois os banqueiros se arvoram na crise para iniciar as negociações da campanha com índices rebaixados. Mas sabemos também que as demissões nos bancos não se traduzem nos números da crise, porque, na verdade, a crise não existe para os banqueiros, por mais que eles se façam de coitados. Mesmo nesse cenário, o setor bancário foi o que mais cresceu no último período; a rentabilidade média dos principais bancos ficou na casa dos 20%, ou seja, a cada 5 anos eles dobram seu patrimônio. Porém, os bancos sempre encontram subterfúgios para não pagar o que os bancários merecem – justo os bancários que são os principais responsáveis pelo crescimento econômico que os bancos apresentam ano a ano.
Em vez de reconhecer o papel de destaque e dedicação de seus funcionários, os bancos aproveitam-se da crise para criar uma rotatividade de trabalhadores que tem como objetivo final apenas a contratação de bancários por salários mais baixos; ou então a utilização de outras modalidades de contratação que, muitas vezes, deixam os bancários desamparados de direitos sociais.
Além da exploração desmedida que tem adoecido trabalhadores, notamos que os bancos têm investido somente na proteção do dinheiro. Já a segurança do bem mais precioso, que é a vida, fica relegada a um segundo plano. Só para termos uma vaga idéia da avareza dos banqueiros, peguemos o um exemplo recente: o caso da gripe H1N1, que tem colocado o mundo inteiro em pânico. Quase todas as agências bancárias têm sistema de ventilação artificial, ou seja, janelas lacradas que impedem a renovação do ar e facilitam a sobrevivência do vírus. Quando o movimento sindical diz que os bancos precisam mudar o sistema de ventilação de ar, eles fazem uma ‘choradeira’ por causa dos custos e gastos com as mudanças. Mas, na verdade, eles não querem fazer as mudanças por causa dos gastos, mas porque mudar o tipo de sistema de ventilação representa aumentar os perigos para o dinheiro. Ou seja, no anseio de proteger o capital, que adoeçam os bancários!
Assim, um dos grandes problemas que enfrentamos nos dias de hoje é que, na incessante busca por lucros, os bancos não se preocupam com a saúde dos bancários. Afinal, após o décimo quinto dia de afastamento, o problema não é mais dos bancos, mas da previdência social. E, com isso, os bancos apenas provisionam o dinheiro para quando o problema acontecer, sem se preocuparem com a prevenção das doenças. Só a questão da ergonomia, por exemplo, já resolveria boa parte dos afastamentos bancários, pois muitos trabalhadores que estão vivendo com recursos da previdência social não estariam com problemas de LER/Dort se as condições de trabalho fossem prioridades na agenda dos banqueiros. Mas o que acontece é o contrário: toda segurança nos bancos está organizada no sentido de proteger o dinheiro e nunca os bancários e clientes das agências (a lógica do capital ainda vai levá-lo a sua própria derrota, pois ela é a lógica mesquinha do lucro, que exclui toda e qualquer regra de organização da sociedade).
È neste sentido que a Campanha Salarial 2009 aponta para quatro eixos estratégicos: remuneração, emprego, previdência e segurança. Hoje, os bancários são uma das categorias mais organizadas do país, fruto de um lento processo de organização sindical que alcançou seu ápice com a conquista de acordos nacionais para a categoria. Ou seja, o que um bancário ganha no Oiapoque é o mesmo que um bancário ganha no outro extremo do Brasil, no Chuí!
Por fim, neste dia 28 de agosto, reconhecido como dia de luta dos bancários, aproveitamos para estender um forte abraço da direção do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região para todos os bancários brasileiros, especialmente os capital paranaense e região metropolitana. Reafirmamos nossa disposição em lutar para, cada vez mais, junto com os bancários, ampliarmos nossas vitórias e conquistas.
Um forte abraço a todos. Viva o dia 28 de agosto. Um viva a todos os bancários!
Por Marcio Kieller
Secretário de Formação do SEEB Curitiba